Você já se perguntou se é "suficiente" para continuar trabalhando como Customer Success Manager?
- Nicolás Mendy de Baeremaecker

- 23 de set.
- 5 min de leitura
Todo customer success manager cuida do sucesso do seu cliente, das métricas que ele gera, do health score (pontuação que demonstra a saúde do seu uso) e geralmente, o nível de comprometimento do CSM faz com que ele esteja muito atento a estes indicadores de “saúde do cliente” e termine por esquecer da sua própria.
Os afastamentos por saúde mental, no mercado de trabalho nacional, tem crescido exponencialmente este ano no país.
Em parte, acredito que a gente está sendo mais observado (antigamente as pessoas trabalhavam se sentindo mal). Eu mesmo cheguei a trabalhar passando mal fisicamente por saúde mental sem diagnóstico, no passado.
Porém, também vejo um aumento dos problemas na saúde mental gerados por um montão de pontos delicados, como gestão do tempo, excesso de estímulos, cobrança e estímulo por consumo, crescimento profissional e alta performance, aliados a perfis profissionais de auto-cobrança.
Essas características do mercado atual, do mundo VUCA (Volatility [Volatilidade]; Uncertainty [Incerteza]; Complexity [Complexidade]; Ambiguity [Ambiguidade]), das notícias globais e dos profissionais que somos, precisam atenção, merecem destaque e sempre que possível, de aliados que compartilhem boas práticas para melhoria da nossa saúde mental.
Hoje eu quero ser esse aliado da comunidade de CS global com respeito aos cuidados que eu já aprendi a ter, depois de muito sofrimento.
Você é suficiente:
Sei que quando começamos em uma nova empresa, uma nova etapa dentro da nossa posição ou empresa atual, assumimos uma nova carteira ou precisamos iniciar um desafio, sentimos que não somos e nem seremos o suficiente.
Geralmente vemos quem faz isso há mais tempo e parece que eles estão em um nível tão alto, que jamais chegaremos lá.
Se para piorar, as pessoas que estão apenas um degrau acima do nosso, olham para nós com soberba, parece que tudo se torna impossível.
Porém, é importante lembrar que as empresas não investem em “esperança” e sim em “realidade”. Se eles investirem em você, é porque você já é o suficiente e eles sabem que você precisará de um período de adaptação ou rampeamento para entregar o seu melhor.

Nenhum emprego vale a sua paz e saúde mental:
A nossa relação com a empresa que nos emprega é apenas uma relação comercial. Nós devemos permanecer trabalhando para essa empresa, enquanto isso for útil para nós, pois as empresas têm o mesmo olhar a respeito do nosso trabalho: vão nos manter ali enquanto isso for útil para elas. Nenhuma empresa vai te manter por caridade.
Além disso, existem empresas que vão te apoiar para você não ter problemas de saúde mental e, se vier a ter, te apoiar para se recuperar e sair dele da melhor maneira possível (RD Station é um exemplo disso e me deixa feliz fazer parte de uma empresa humana como esta), porém muitas (talvez a maioria) não possuem lideranças preparados para isso e são elas mesmas que vão provocar o declínio da tua saúde mental.
Não vale a pena. Não deixe arruinar a sua saúde mental para depois pensar em sair. Ninguém da empresa que te colocou nessa situação, vai estar lá para te apoiar na recuperação.

A régua que você mede, deve ser uma só:
Não meça o seu compromisso, os seus resultados e a sua capacidade com uma régua diferente da que você mede os mesmos indicadores em colegas e amigos.
Geralmente cometemos o erro de achar que o nosso esforço e resultados merecem punição, que estamos na berlinda e que a qualquer momento podemos ser demitidos, pois não estamos fazendo tanto quanto se espera de nós.
Porém, quando um colega entrega o mesmo resultado e se sente tão inseguro quanto a gente, as nossas palavras costumam ser de apoio, de valorização de quem o outro é e não de acusação, afirmação da ideia de desemprego ou de desmerecimento da posição que essa pessoa ocupa.
Então, não seja injusto ou desonesto consigo mesmo.
Utilize o mesmo peso e a mesma medida para você e seus colegas.

Final de semana sem descanso:
Um dos grandes problemas quando estamos nesse momento da nossa jornada, é justamente chegar ao final de semana com sentimento de dívida.
Quantas vezes você já pensou que era bom não ter que comer para não precisar parar?
Ou quantos finais de semana você saiu para descansar sentindo que deveria continuar trabalhando, que a segunda-feira deveria chegar logo para você poder avançar em outros aspectos?
Se você tem ou teve esse sentimento, certamente você está em um momento de sobrecarga. Parte dessa sobrecarga, é sua responsabilidade.
Não quero te culpar, mas quero que você assuma sua posição de controle sobre a sua própria vida e saúde mental e decida tomar uma atitude.
Uma boa dica é o que, em um determinado momento, com duas colegas que estavam passando por isso (junto comigo) decidimos chamar de “check-out do bem”.

Check-out do bem:
O check-out do bem é uma prática na qual, parávamos no final da sexta-feira, para revisar a agenda e encontrar 3 coisas que tínhamos feito bem a nível profissional.
3 momentos nos quais tínhamos “mandado bem” com os clientes, com alguma ação reativa ou preventiva, algo que sabíamos havíamos conseguido entregar valor (ou até prevenir um risco futuro).
Isso fazia com que a gente saísse pro final de semana com uma sensação diferente, de dever cumprido e de merecimento do descanso que estava por vir.
Recomendo muito essa prática.
Outras dicas:
Tira tempo no dia para olhar para fora, ouvir o ambiente, olhar para o céu, tomar algo (chá, café, chimarrão) e descansar a cabeça. Não é preguiça, é pausa.
Busca contato com pares para falar da vida. Marca espaços (no remoto ou no presencial) para poderem falar por uns 20 ou 30 minutos sobre vocês. Isso vai fazer você perceber como as outras pessoas vivem, trabalham e se sentem. Vai descer os teus colegas do pedestal em que você os colocou e vai gerar conexão e proximidade.
Zera a bandeja de entrada e de mensagens. Busca uma rotina que permita fechar o dia sem respostas pendentes. Isso vai aliviar a tua banda mental. Se você terminar o dia com tarefas pendentes, anota no papel. Se você anotar no papel todas as tarefas e ações pendentes, vai liberar banda mental, vai conseguir relaxar (pois não precisar ficar em estado de alerta para não esquecer) e só vai precisar lembrar de uma coisa: onde você anotou tudo.
Se você trabalha de forma remota, quando encerrar o dia, cria uma rotina para deixar a sua mesa organizada, encerrar a jornada e sair de perto do seu computador até o próximo dia de trabalho. Eu particularmente gosto de ir à academia (ginásio) quando encerro o meu dia de trabalho, pois gera um espaço de tempo que me permite quebrar a rotina em dois momentos bem diferentes.
Acredito que a maioria das dicas que passei, servem para muitas profissões, mas estou passando pensando na rotina de pessoas de customer success, que é o foco desta newsletter.
Que outras dicas você tem para cuidar da sua saúde mental?
Conta pra gente.
Um abraço,
Nico.







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